quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sem perdão não existe amanhã



Texto de: Ed René Kivitz

Alguém já disse que a família é o lugar dos maiores amores e dos maiores ódios. Compreensível: quem mais tem capacidade de amar, mais tem capacidade de ferir. A mão que afaga é aquela de quem ninguém se protege, e quando agride, causa dores na alma, pois toca o ponto mais profundo de nossas estruturas afetivas. Isso vale não apenas para a família nuclear: pais e filhos, mas também para as relações de amizade e parceria conjugal, por exemplo.
Em mais de vinte anos de experiência pastoral observei que poucos sofrimentos se comparam às dores próprias de relacionamentos afetivos feridos pela maldade e crueldade consciente ou inconsciente. Os males causados pelas pessoas que amamos e acreditamos que também nos amam são quase insuperáveis. O sofrimento resultado das fatalidades são acolhidos como vindos de forças cegas, aleatórias e inevitáveis. Mas a traição do cônjuge, a opressão dos pais, a ingratidão dos filhos, a rixa entre irmãos, a incompreensão do amigo, nos chegam dos lugares menos esperados: justamente no ninho onde deveríamos estar protegidos se esconde a peçonha letal.
Poucas são minhas conclusões, mas enxerguei pelo menos três aspectos dessa infeliz realidade das dores do amar e ser amado. Primeiro, percebo que a consciência da mágoa e do ressentimento nos chega inesperada, de súbito, como que vindo pronta, completa, de algum lugar. Mas quando chega nos permite enxergar uma longa história de conflitos, mal entendidos, agressões veladas, palavras e comentários infelizes, atos e atitudes danosos, que foram minando a alegria da convivência, criando ambientes de estranhamento e tensões, e promovendo distâncias abissais.
Quando nos percebemos longe das pessoas que amamos é que nos damos conta dos passos necessários para que a trilha do ressentimento fosse percorrida: um passo de cada vez, muitos deles pequenos, que na ocasião foram considerados irrelevantes, mas somados explicam as feridas profundas dos corações.
Outro aspecto das dores do amar e ser amado está no paradoxo das razões de cada uma das partes. Acostumados a pensar em termos da lógica cartesiana: 1 + 1 = 2 e B vem depois de A e antes de C, nos esquecemos que a vida não se encaixa nos padrões de causa e efeito do mundo das ciências exatas. Pessoas não são máquinas, emoções e sentimentos não são números, relacionamentos não são engrenagens. É ingenuidade acreditar que as relações afetivas podem ser enquadradas na simplicidade dos conceitos certo e errado, verdade e mentira, preto e branco. A vida é zona cinzenta, pessoas podem estar certas e erradas ao mesmo tempo, cada uma com sua razão, e a verdade de um pode ser a mentira do outro. Os sábios ensinam que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”, e considerando que cada pessoa tem seu ponto, as cores de cada vista serão sempre ou quase sempre diferentes. Isso me leva ao terceiro aspecto.
Justamente porque as feridas dos corações resultam de uma longa história, lida de maneiras diferentes pelas pessoas envolvidas, o exercício de passar a limpo cada passo da jornada me parece inadequado para a reconciliação. Voltar no tempo para identificar os momentos cruciais da caminhada, o que é importante para um e para outro, fazer a análise das razões de cada um, buscar acordo, pedir e outorgar perdão ponto por ponto não me parece ser a melhor estratégia para a reaproximação dos corações e cura das almas.
Estou ciente das propostas terapêuticas, especialmente aquelas que sugerem a necessidade de re–significar a história e seus momentos específicos: voltar nos eventos traumáticos e dar a eles novos sentidos. Creio também na cura pela fala. Admito que a tomada de consciência e a possibilidade de uma nova consciência produzem libertações, ou, no mínimo, alívios, que de outra maneira dificilmente nos seriam possíveis. Mas por outro lado posso testemunhar quantas vezes já assisti esse filme, e o final não foi nada feliz. Minha conclusão é simples (espero que não simplória): o que faz a diferença para a experiência do perdão não é a qualidade do processo de fazer acordos a respeito dos fatos que determinaram o distanciamento, mas a atitude dos corações que buscam a reaproximação. Em outras palavras, uma coisa é olhar para o passado com a cabeça, cada um buscando convencer o outro de sua razão, e bem diferente é olhar para o outro com o coração amoroso, com o desejo verdadeiro do abraço perdido, independentemente de quem tem ou deixa de ter razão. Abraços criam espaço para acordos, mas a tentativa de celebrar acordos nem sempre termina em abraços.
Essa foi a experiência entre José e seus irmãos. Depois de longos anos de afastamento e uma triste história de competições explícitas, preferências de pai e mãe, agressões, traições e abandonos, voltam a se encontrar no Egito: a vítima em posição de poder contra seus agressores. José está diante de um dilema: fazer justiça ou abraçar. Deseja abraçar, mas não consegue deixar o passado para trás. Enquanto fala com seus irmãos sai para chorar, e seu desespero é tal que todos no palácio escutam seu pranto. Mas ao final se rende: primeiro abraça e depois discute o passado. Essa é a ordem certa. Primeiro, porque os abraços revelam a atitude dos corações, mais preocupados em se (re)aproximar do que em fazer valer seus direitos e razões. Depois, porque, no colo do abraço o passado perde força e as possibilidades de alegrias no futuro da convivência restaurada esvaziam a importância das tristezas desse passado funesto.
Quando as pessoas decidem colocar suas mágoas sobre a mesa, devem saber que manuseiam nitroglicerina pura. As palavras explodem com muita facilidade, e podem causar mais destruição do que promover restauração. Não são poucos os que se atrevem a resolver conflitos, e no processo criam outros ainda maiores, aprofundam as feridas que tentavam curar, ou mesmo ferem novamente o que estava cicatrizado. Tudo depende do coração. O encontro é ao redor de pessoas ou de problemas? A intenção é a reconciliação entre as pessoas ou a busca de soluções para os problemas? Por exemplo, quando percebo que sua dívida para comigo afastou você de mim, vou ao seu encontro em busca do pagamento da dívida ou da reaproximação afetiva? Nem sempre as duas coisas são possíveis. Infelizmente, minha experiência mostra que a maioria das pessoas prefere o ressarcimento da dívida em detrimento do abraço, o que fatalmente resulta em morte: as pessoas morrem umas para as outras e, consequentemente, as relações morrem também. A razão é óbvia: dívidas de amor são impagáveis, e somente o perdão abre os horizontes para o futuro da comunhão. Ficar analisando o caderno onde as dívidas estão anotadas e discutindo o que é justo e injusto, quem prejudicou quem e quando, pode resultar em alguma reparação de justiça, mas isso é inútil – dívidas de amor são impagáveis.
Mas o perdão tem o dia seguinte. Os que recebem perdão e abraços cuidam para não mais ferir o outro. Ainda que desobrigados pelo perdão, farão todo o possível para reparar os danos do caminho. Mas já não buscam justiça. Buscam comunhão. Já não o fazem porque se sentem culpados e querem se justificar para si mesmos ou para quem quer que seja, mas porque se percebem amados e não têm outra alternativa senão retribuir amando. As experiências de perdão que não resultam na busca do que é justo desmerecem o perdão e esvaziam sua grandeza e seu poder de curar. Perdoar é diferente de relevar. Perdoar é afirmar o amor sobre a justiça, sem jamais sacrificar o que é justo. O perdão coloca as coisas no lugar. E nos capacita a conviver com algumas coisas que jamais voltarão ao lugar de onde não deveriam ter saído. Sem perdão não existe amanhã.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Falar com Deus



Poema de: Martinho Lutero.

“Na oração encontro calma,
na oração encontro paz,
orar a Deus faz bem a alma,
falar com Deus me satisfaz.

Falar com Deus que privilégio,
abrir a alma ao Criador,
sentir que os céus estão abertos
e ouvir a voz do Salvador.

Falar com Deus é o que preciso,
pois Ele é fonte de poder,
só nEle a vida faz sentido,
pois me dá forças pra viver.

Grande é o nosso Deus
e as obras que Ele faz,
o Seu amor não tem limites e
em Seu perdão encontro paz”

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Bondade



Texto de: Felipe d’Oliveira

Comecemos refletindo sobre o que é que deixaremos quando partirmos daqui, talvez em alguns pensamentos vem a ideia de que deixará um bom patrimônio tangível ou até intangível no banco. Mais a questão é o que a Bíblia pede para nós deixarmos, se visualizarmos a primeira carta de Paulo aos Coríntios no capitulo 13 é evidente que ele cita sobre o amor, bondade ou caridade, é fácil de ver isto no texto mais será que é isto que temos que deixar ou é isto que temos que viver?
O homem em Adão não soube viver e muito menos deixar vivências, sempre em algum ponto ele (homem) se desloca do caminho correto, nem que for por instantes. Em Adão o homem não vive a vida que Deus deixará para ele viver e não deixa rastros que Deus quisera que ele deixasse.
Então veio Cristo, para fazer esta divisão de águas, a Sua vida foi pleno amor, vejamos:

Sua vinda, por amor a humanidade.
Seu crescimento, ensinando a humanidade. (Só ensina bem quem tem amor por ensinar.)
Sua carreira, pleno ato de caridade.
Seu legado (ide) aos homens para salvar a humanidade, pleno ato de bondade.
Sua morte de cruz, sacrifício de amor.
Sua ressureição, a volta para mostrar que Ele venceu por amor.
Seu Espírito Santo é a plena caridade, bondade e fiel amor de nunca nos desamparar.

Quando estamos em Cristo o que deixamos para o nosso próximo, diferentemente de quando estávamos em Adão, é de suprema importância e Ele nos ensinou “amai o próximo como a ti mesmo.”.
Então a pergunta que fica é, o que você tem feito hoje para ser lembrado amanhã?
Façamos, então, como Cristo que mesmo sendo Deus viveu, morreu e ressuscitou sem cobrar nada a ninguém, fez tudo isto por Caridade, Amor e Bondade.

Deus nos ajude!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Bíblia é livro para criança!




Texto de: Ariovaldo Ramos

"Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz... E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura... E disse (Jesus): Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." Gn 3.15; Is 9.6; Lc 2.12; Mt 18.3

Criança! Está no centro da Bíblia! 

No jardim, a Trindade nos prometeu a Criança! 

O antigo testamento conta com o Deus formou e conduziu um povo para que a Criança, nascendo de mulher, pelo poder do Altíssimo, fosse trazida para a história, a fim de abençoar a humanidade. 

O novo testamento conta como a Trindade formou e conduz o povo que leva a Criança, a toda a humanidade, para abençoar a nossa história, para que a nossa história  termine em salvação.

E a Criança, que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens, portanto, sem perder a "criancitude", disse que quem quiser viver sob o reinado dos céus tem de se tornar criança. 

Criança é a fase do ser humano onde o Pai é tudo, sabe de tudo, e pode tudo!

Criança confia no Pai, e não tem medo da vida, porque o Pai pode tudo! 

Criança usa a sabedoria do Pai, e não tem medo do desconhecido, porque o Pai sabe tudo, de tudo! 

Criança usa o discernimento do Pai, e sempre sabe o que é certo e o que é errado, porque o Pai discerne tudo!

Criança desfruta do sustento do Pai, e não tem medo do infortúnio, porque o Pai tem tudo.

Criança ama o Pai com tudo e acima de tudo! 

Criança obedece o Pai em tudo!

Criança depende do Pai em tudo e para tudo! 

Criança descansa no Pai! 

Criança, nos braços do Pai, está salva!

Criança, nos braços do Pai, é segura!

Criança, nos braços do Pai, se gosta, porque se sente amada!

Criança, nos braços do Pai, é feliz!

O Deus Filho se fez criança para que todo o ser humano criança se deixe fazer.

O FIlho se fez criança para nos mostrar o Pai! O Pai que é tudo e, tudo, a nós, em nós, e, para nós, quer, e graças ao Filho, o pode ser.

A Igreja é a parte da humanidade que, por meio do Filho, foi adotada pelo Pai, e habitada pelo Espírito; recuperando, assim, a "criancitude". 

A Igreja é a parte da humanidade que sabe, que ser adulto é ser criança que cresceu em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens.

A Igreja proclama: O Pai nos mandou o Filho, o Filho nos leva de novo ao Pai e o Espírito nos faz nascer de novo, e faz, de nós, filhos, nos faz crianças de novo, crianças como todo ser humano deveria ser. 

A Igreja convida: vem ser criança com a gente! 

A Bíblia é o livro, cujo centro é a Criança! A Bíblia é o livro da Criança, para que crianças voltemos a ser... E para sempre. A Bíblia é livro para criança!